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domingo, 27 de maio de 2018

ARTIGO - É POSSÍVEL UMA INTERVENÇÃO MILITAR DEMOCRÁTICA?

Nilson Almir é jornalista.
ARTIGO - É POSSÍVEL UMA INTERVENÇÃO MILITAR DEMOCRÁTICA?

Por Nilson Almir - Jornalista.

É possível pressupormos um regime militar democrático para o Brasil? O que se vislumbra, prestes acontecer é uma intervenção militar emanada da vontade popular, já que os brasileiros buscam socorro com a esperança perdida, no apego à última tábua da salvação, justamente na instituição temida e refutada pela classe política dominante. Esse é o sentimento de toda a nação, verdade seja dita, concorde alguém ou não.

A Carta Magna começa, no seu primeiro artigo, parágrafo único, mostrando que "Todo poder emana do povo".  Vamos conjecturar então que a intervenção militar clamada, e isso não é nenhum absurdo ante a situação crítica recente no meio político, tem um viés democrático, se emana da vontade popular. O povo brasileiro é o último sujeito do Poder, por meio de sua vontade que é soberana.

O denuncismo contra qualquer político, o pré-julgamento popular, é praxe no País, com condenação imediata e irreversível. Qualquer envolvimento em denúncia ou em delação, diga-se de passagem, sempre por bandidos, presos ou condenados, que se agarra a qualquer “alcagüete” para livrar alguns centímetros da própria pele, vira verdade, se não o for, com massacre popular imediato, ninguém se safa, não há praticamente nenhuma liderança com expressão nacional ficha limpa, dentro da atual conjuntura nacional.

O movimento de paralisação dos caminhoneiros expressa o sentimento dos brasileiros, ninguém está perturbado se não há gasolina, existe disposição para andar a pé ou se acomodar em casa, se preciso for. Há sim uma torcida gigantesca para que os “heróis das estradas”, que representam a nação no momento, vençam a batalha travada contra um governo em crise e sem representatividade.

Quem esperava uma revolução sem armas e sem sangue no enfrentamento à crise política brasileira, essa crise que se arrasta há anos, com a derrubada de presidenta e um lamaçal de corrupção onde se atola a maioria dos que deveriam representar decentemente o povo brasileiro?

Críticos de outros tempos mencionavam o Grito do Ipiranga, a independência do Brasil, e outros episódios históricos para fazer piadas ou para definir a solução no “grito” para questões nacionais, visto que o País não tem tradição ou aptidão guerrilheira, como a exemplo dos EUA.  Os “caras pintadas” forçaram a queda do primeiro presidente eleito após o período da ditadura militar iniciada em 64, esta derrubada por força dos anseios democráticos dos brasileiros. Mais recentemente as ruas ocupadas pelo povo fez ecoar gritos pela retirada da primeira presidenta eleita, e agora, não no grito, mas no silêncio da paralisação dos que carregam o País sobre rodas, de forma tão pacífica e mansa, sem partidos ou bandeiras vermelhas, mas com legítima representação popular, indica a queda não de um governo, mas possivelmente, o início de um novo ciclo histórico e político no Brasil.

Os caminhoneiros estão revolucionando o Brasil, nada será igual por aqui depois do movimento iniciado há sete dias, não estão sozinhos na batalha. Por detrás de cada volante está o componente de uma família, pai, irmão, filho, primo, sobrinho, amigo, uma ramificação de pessoas ligadas finalmente, de forma sólida, ao sentimento que nós une a eles, o de sermos todos brasileiros. A luta dos caminhoneiros é a luta de todos, representam os que desejariam lutar, tem a força de parar o País em nome de todos, e o fizeram. Enfrentam os poderes, com determinação e sem temor, representam a vontade de uma nação inteira desejosa por mudanças morais, resgatando valores cívicos e patriotas.

A situação política é tão frágil no País, atualmente com uma classe política desacreditada, que fez não restar alternativa, a de buscar na intervenção militar o escape para a situação, uma escuridão como cortina sem nenhum vislumbre no horizonte, ou seja, o que vier deverá ser com lucros! Queira Deus estejamos certos, todos os brasileiros! Afinal, os militares são brasileiros?

É preciso restabelecer a ordem em um País onde um condenado por corrupção e preso pretende ser candidato, e pior, com aceitação popular para tanto. Também é preciso entender que não há "salvadores da Pátria", não dá para votar ou eleger presidente algum aventureiro mais açoito com disparatadas vazias como propostas. Pode ser o momento de algum solavanco que acorde a nação e que a coloque finalmente nos eixos, no caminho certo, e sem medo de ser feliz.

É sabido que o brasileiro reage e luta contra os que roubam a nação, contra os que lhe tiram os direitos e a dignidade, o povo luta contra seus opressores eleitos ou não, o tempo sempre mostrou assim. O povo dá o poder, e tira quando cansa. Então é possível uma intervenção militar democrática com mandato outorgado sem voto impresso ou eletrônico, mas pelo clamor popular. Um governo respeitado por políticos e gestores, também pelo povo, com o resgate do sentimento patriota de ser brasileiro.

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