Nilson Almir é jornalista. |
Por Nilson Almir - Jornalista.
É possível pressupormos um regime militar democrático para o
Brasil? O que se vislumbra, prestes acontecer é uma intervenção militar emanada
da vontade popular, já que os brasileiros buscam socorro com a esperança perdida,
no apego à última tábua da salvação, justamente na instituição temida e refutada
pela classe política dominante. Esse é o sentimento de toda a nação, verdade
seja dita, concorde alguém ou não.
A Carta Magna começa, no seu primeiro artigo, parágrafo
único, mostrando que "Todo poder emana do povo". Vamos conjecturar então que a intervenção
militar clamada, e isso não é nenhum absurdo ante a situação crítica recente no
meio político, tem um viés democrático, se emana da vontade popular. O povo
brasileiro é o último sujeito do Poder, por meio de sua vontade que é soberana.
O denuncismo contra
qualquer político, o pré-julgamento popular, é praxe no País, com condenação
imediata e irreversível. Qualquer envolvimento em denúncia ou em delação,
diga-se de passagem, sempre por bandidos, presos ou condenados, que se agarra a
qualquer “alcagüete” para livrar alguns centímetros da própria pele, vira
verdade, se não o for, com massacre popular imediato, ninguém se safa, não há praticamente
nenhuma liderança com expressão nacional ficha limpa, dentro da atual
conjuntura nacional.
O movimento de paralisação dos caminhoneiros expressa o
sentimento dos brasileiros, ninguém está perturbado se não há gasolina, existe
disposição para andar a pé ou se acomodar em casa, se preciso for. Há sim uma
torcida gigantesca para que os “heróis das estradas”, que representam a nação
no momento, vençam a batalha travada contra um governo em crise e sem
representatividade.
Quem esperava uma revolução sem armas e sem sangue no
enfrentamento à crise política brasileira, essa crise que se arrasta há anos, com
a derrubada de presidenta e um lamaçal de corrupção onde se atola a maioria dos
que deveriam representar decentemente o povo brasileiro?
Críticos de outros tempos mencionavam o Grito do Ipiranga, a
independência do Brasil, e outros episódios históricos para fazer piadas ou
para definir a solução no “grito” para questões nacionais, visto que o País não
tem tradição ou aptidão guerrilheira, como a exemplo dos EUA. Os “caras pintadas” forçaram a queda do primeiro
presidente eleito após o período da ditadura militar iniciada em 64, esta
derrubada por força dos anseios democráticos dos brasileiros. Mais recentemente
as ruas ocupadas pelo povo fez ecoar gritos pela retirada da primeira
presidenta eleita, e agora, não no grito, mas no silêncio da paralisação dos
que carregam o País sobre rodas, de forma tão pacífica e mansa, sem partidos ou
bandeiras vermelhas, mas com legítima representação popular, indica a queda não
de um governo, mas possivelmente, o início de um novo ciclo histórico e
político no Brasil.
Os caminhoneiros estão revolucionando o Brasil, nada será
igual por aqui depois do movimento iniciado há sete dias, não estão sozinhos na
batalha. Por detrás de cada volante está o componente de uma família, pai,
irmão, filho, primo, sobrinho, amigo, uma ramificação de pessoas ligadas
finalmente, de forma sólida, ao sentimento que nós une a eles, o de sermos
todos brasileiros. A luta dos caminhoneiros é a luta de todos, representam os
que desejariam lutar, tem a força de parar o País em nome de todos, e o
fizeram. Enfrentam os poderes, com determinação e sem temor, representam a
vontade de uma nação inteira desejosa por mudanças morais, resgatando valores
cívicos e patriotas.
A situação política é tão frágil no País, atualmente com uma
classe política desacreditada, que fez não restar alternativa, a de buscar na
intervenção militar o escape para a situação, uma escuridão como cortina sem
nenhum vislumbre no horizonte, ou seja, o que vier deverá ser com lucros!
Queira Deus estejamos certos, todos os brasileiros! Afinal, os militares são
brasileiros?
É preciso restabelecer a ordem em um País onde um condenado por corrupção e preso pretende ser candidato, e pior, com aceitação popular para tanto. Também é preciso entender que não há "salvadores da Pátria", não dá para votar ou eleger presidente algum aventureiro mais açoito com disparatadas vazias como propostas. Pode ser o momento de algum solavanco que acorde a nação e que a coloque finalmente nos eixos, no caminho certo, e sem medo de ser feliz.
É preciso restabelecer a ordem em um País onde um condenado por corrupção e preso pretende ser candidato, e pior, com aceitação popular para tanto. Também é preciso entender que não há "salvadores da Pátria", não dá para votar ou eleger presidente algum aventureiro mais açoito com disparatadas vazias como propostas. Pode ser o momento de algum solavanco que acorde a nação e que a coloque finalmente nos eixos, no caminho certo, e sem medo de ser feliz.
É sabido que o brasileiro reage e luta contra os que roubam
a nação, contra os que lhe tiram os direitos e a dignidade, o povo luta contra seus
opressores eleitos ou não, o tempo sempre mostrou assim. O povo dá o poder, e
tira quando cansa. Então é possível uma intervenção militar democrática com
mandato outorgado sem voto impresso ou eletrônico, mas pelo clamor popular. Um governo
respeitado por políticos e gestores, também pelo povo, com o resgate do sentimento
patriota de ser brasileiro.