Notícias Araguaia - O seu jornal!

Notícias Araguaia - O seu jornal!

sexta-feira, 21 de julho de 2017

AS BARRANCAS DO RIO ARAGUAIA ESTÃO SENDO DERRUBADAS PELA FORÇA DA ÁGUA MOVIMENTADA POR EMBARCAÇÕES.

Artigo publicado pelo Jornal Diário da Manhã (DM.COM) em 19/07/2017.

"Época de temporada no Rio Araguaia é o momento oportuno para os que levantam bandeiras ambientais se manifestarem. É o que acontece todos os anos, mas nem sempre focam a causa na sua verdadeira raiz, o assoreamento do rio.

Num rápido passeio a bordo de um pequeno barco foi possível verificar o estrago que faz as ondulações da água de encontro às barrancas do Rio. Naturalmente que o percurso da água, livre no seu leito, não tem forças para degradar as margens. O que acontece é que uma embarcação ao trafegar movimenta as águas contra as margens, em sentido contrário ao estabelecido pela natureza, o assoreamento mais agressivo contra o Araguaia vem daí, mas pouco se ouve falar sobre isso.

Uma lancha pequena que seja movimenta grande volume de água contra as barrancas. Verdadeiras ondas que solapam terra retirando o solo sob as raízes das árvores e toda a vegetação. A agressão é violenta, observa-se logo após o tráfego de qualquer embarcação, mesmo as menores, a retirada de areia do barranco pelo choque das águas, areia que se avoluma no leito raso que, “entupido” impede a passagem livre da água. 

O que falamos aqui pode ser comprovado, um fenômeno que faz o Rio Araguaia mais largo e, conseqüentemente mais raso. Uma realidade que dispensa uso de maior tecnologia científica ou estudos mais aprofundados para sua comprovação, o uso do Rio para turismo e lazer desregrado, acampamentos e embarcações, provocam a sua destruição!

O que indigna na verdade é a hipocrisia daqueles que defende o rio, pseudo-ambientalistas, todos na verdade usuários e aproveitadores do manancial natural para o bel prazer, a diversão e satisfação pessoal, cegos que não vêem a destruição que provocam, mas que desviam o foco da ação predatória provocada por milhares de freqüentadores das ditas belezas naturais do ambiente que compõe a fauna e a flora aquática nas águas turvas do nosso Rio.

Qualquer um que navegue pelo rio pode observar verdadeiros paredões em vários pontos onde a ação da água movimentada fez estragos irreparáveis. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, mais ainda quando de encontro ao solo fofo que constituí as barrancas. É só observar o número imenso de árvores tombadas, a vegetação caindo junto com o solo retirado pela força da própria água do rio, uma espécie de “suicídio forçado do rio” pela ação do homem e suas embarcações.

Essa movimentação toda na superfície não estressaria a fauna submersa? Os pescadores reclamam da pesca escassa, mas são os mesmos que consumiram os peixes e prejudicam a sua reprodução. Não adianta “Taxa Zero”, é um mero paliativo, seus autores são os maiores pescadores, o poder aquisitivo da população aumentou, e assim o fluxo de pescadores, hoje é consumido lá no rio mesmo mais peixes que antes levados para casa, mas todos sabem que os peixes continuam sendo carregados aos montes, troféus de férias bem sucedidas, conquista que afagam o ego da elite defensora do rio para uso-fruto próprio.

O rio está agonizando e vai morrer. Como tirar do seu leito os que estão lhe tirando a vida? “Ambientalistas” sequer lançam olhos para a real motivação do seu tombamento. A ação do homem, por menor que seja, degrada o meio ambiente, desde os tempos bíblicos aprendemos que é mais difícil retirar a “trave do próprio olho”. Não será fácil fazer entender que a movimentação crescente das embarcações ao longo do Araguaia atirara e, mais na atualidade atira, água com força nas barrancas, suficiente para as derrubarem, levando junto a vegetação solapada na raiz, verdadeiro crime ambiental acobertado pela hipocrisia daqueles que o utilizam para mera diversão turística.

É preciso insistir, a grande quantidade de material arenoso derrubada no rio por esta ação do homem, maior que a proporção natural, não pode ser levada pela água, vai sendo deixada ao longo dos anos pelas praias criadas, assoreando o canal principal, mudando mesmo curso em vários locais, numa luta comprovada e infinita do rio pela sua existência.

As matas ciliares não são mais atingidas, de “fora para dentro do rio”, pela ação do homem às suas margens. A legislação estabelece a sua preservação pelos proprietários rurais e isto é realidade, não se transmite escrituração de imóveis sem a sua comprovação documentada. Mas, a inexistência de legislação apropriada permite a destruição destas importantes matas ciliares, de “dentro do rio para fora”, não existe ainda sequer o reconhecimento do problema, quanto mais a sua regulamentação eficaz em Lei: É preciso coibir a movimentação de embarcações que estão destruindo o Rio Araguaia! É bom que os ambientalistas de plantão, ou autoridades competentes, foquem com critério nesta raia da questão, busquem estudos e percebam que possa ser este o maior problema enfrentado pelo nosso gigante moribundo, o Rio Araguaia".


NILSON ALMIR PEREIRA DO NASCIMENTO é jornalista (MTE-GO 3176).

Nenhum comentário:

Postar um comentário