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Governo de Goiás prorroga quarentena por mais 15 dias. |
Em entrevista coletiva, Ronaldo Caiado reforçou que medida
tem como objetivo preservar a vida dos goianos. Na ocasião, atualizou os dados
sobre o avanço do novo coronavírus em Goiás: 88 casos confirmados e dois óbitos.
“A quarentena em Goiás está prorrogada por mais 15 dias.”
Assim o governador Ronaldo confirmou, durante entrevista coletiva nesta
sexta-feira (3/4), que o Estado segue adotando medidas de isolamento social
para combater o avanço do novo coronavírus e, desta forma, preservar vidas. O
decreto vale até o próximo dia 19 de abril e conta com algumas exceções em
relação às regras de abertura de estabelecimentos comerciais e de serviços.
O prolongamento das medidas de isolamento foi definido com
base em estudos que apontam para o achatamento da curva da Covid-19 em Goiás, o
que evitaria um colapso no sistema de saúde. “Peço a todos os empresários: é
hora de pensarmos como ponto principal exatamente a busca de condição para que
os goianos possam sobreviver a essa pandemia”, frisou Caiado.
Ciente das reivindicações da classe empresarial, o
governador sinalizou que pode haver novas flexibilizações nos próximos dias.
“Quanto à área econômica temos sensibilidade, sabemos da importância dela. Mas
ela realmente será gradualmente liberada”, apontou. Ele explicou que o Estado,
em parceria com Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal de Goiás e
Instituto Mauro Borges, está trabalhando para implantar métodos capazes de
impedir que o Estado de Goiás caminhe para um quadro grave de disseminação da pandemia.
“Seria uma falha imperdoável se deixássemos a população correr esse risco”,
enfatizou.
DETALHES DO DECRETO
A partir do novo decreto, que já está publicado no Diário
Oficial do Estado, continua permitida a abertura de borracharias, oficinas, lanchonetes
e restaurantes instalados em postos de combustíveis, se situados às margens de
rodovia; lojas de autopeças; e ainda estabelecimentos que estejam produzindo
exclusivamente equipamentos e insumos para auxílio no combate à pandemia.
Também está prevista a retomada de feiras livres de
hortifrutigranjeiro, mas está proibido o funcionamento de restaurantes ou
praças de alimentação bem como o consumo de produtos no local. Profissionais
liberais podem abrir seus escritórios, contudo, continua vedado o atendimento
presencial ao público. Já cartórios extrajudiciais estão autorizados a
funcionar, observando as normas editadas pela Corregedoria-Geral da Justiça do
Estado de Goiás.
No caso da Educação, o decreto autoriza a realização de
atividades administrativas das instituições de ensino públicas e privadas. Uma
nota técnica da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) determina que as aulas
presenciais em escolas, faculdades e universidades permaneçam suspensas até o
dia 30 de abril, levando em consideração que a aglomeração de pessoas pode
contribuir para a disseminação da Covid-19 entre estudantes e professores.
Caiado disse entender a dificuldade de alguns setores neste
período de isolamento social, e que busca um socorro financeiro junto ao
governo federal. “É hora de liberar linhas de crédito para dar condições para
que eles não demitam, para terem acesso ao capital de giro em condições
subsidiadas e de longo prazo”, disse. “Tanto é que em relação ao FCO, já
solicitei ao superintendente do Banco do Brasil que toda verba seja destinada a
micro, pequenas, médias e também às grandes empresas para que todos possam ser
contemplados com empréstimos a longo prazo, com juros baixíssimos, e assim
manter seus funcionários”, salientou.
O governador esclareceu que tem feito o que está a seu
alcance, no âmbito do governo estadual, para minimizar os impactos da
quarentena na vida das pessoas. Como exemplo, citou a prorrogação do prazo para
pagamento do IPVA; a determinação para que a Saneago não corte o fornecimento
de água em caso de inadimplência; o mesmo pedido para que não haja interrupção
de energia junto à Enel; e o diálogo constante com representantes de todos os
segmentos da sociedade em busca de soluções conjuntas. “Não tenho cabeça para
outra coisa”, garantiu.
A QUARENTENA E A CURVA DO CORONAVÍRUS
Desde que o novo coronavírus começou a se espalhar pelo
mundo, Goiás vem se preparando para lidar com o problema. Seguir as
recomendações técnicas da Organização Mundial de Saúde (OMS), e demais
autoridades científicas reconhecidas, e analisar a relação “ações de governo x
reação do coronavírus” constatada nos outros Estados e países estão entre os
protocolos adotados no governo estadual para tomada de decisões. Até aqui, tem
dado certo.
Os números que comprovam o cenário otimista em Goiás foram
apresentados nesta sexta-feira pelo secretário de Desenvolvimento e Inovação
(Sedi), Adriano Rocha Lima. Segundo ele, o isolamento social é adotado como uma
tentativa de reduzir o chamado R0, que mede a capacidade que cada pessoa com
Covid-19 tem de contaminar outras pessoas. Há dados de que em Wuhan, cidade
chinesa que foi o epicentro inicial da doença, esse índice chegou a 4 (ou seja,
cada paciente pode ter contaminado outros quatro); na Itália, 6.
Já em países que conseguiram controlar o coronavírus, uma
pessoa contaminava somente mais uma. “O fator em Goiás, devido ao grau de
isolamento adotado, está em 1,6”. O R0 pode melhorar ainda mais quando
associada outra condicionante, que é o reforço nos hábitos de higiene da
população.
Para exemplificar, o titular da Sedi apresentou três
cenários, partindo como princípio o dia 27 de março, quando iniciou a
transmissão comunitária da Covid-19 no Estado. No primeiro (curva verde), se
Goiás mantiver os mesmos protocolos que já estão em vigor, dentro de 30 dias
pode registrar 21 mil casos de coronavírus e cerca de 200 mortes, consumindo
278 leitos de UTI. Na segunda hipótese (curva azul), ele explica que, “se além
de mantermos o isolamento, os hábitos de higiene forem intensificados, podemos
reduzir esses 21 mil para 9 mil casos e as mortes para menos de 200,
economizando muitos leitos de hospital e de UTI”.
No terceiro e último cenário, a curva vermelha indica o
resultado de um relaxamento de medidas, inclusive o de isolamento social. “[O
cenário na saúde] pode explodir, chegando a 110 mil casos em 30 dias, com quase
400 óbitos e consumindo mais de 500 leitos de UTI”, projetou Adriano. A
tendência é que os números se multipliquem a cada dia que passa. “O pico de
contaminação em 40 dias, nesse caso, pode chegar a 2 milhões de infectados em
Goiás”, disse.
Sobre o cenário de relaxamento de medidas, que provocaria
caos na saúde pública, o governador classificou que “seria uma falha
imperdoável deixar a população correr esse risco”. Por isso, tem promovido uma
união de esforços para vencer a pandemia com o menor número de mortes possível.
O estudo apresentado nesta tarde foi fruto de parceria entre o Centro de
Operações de Emergências (COE), da Sedi, da SES-GO, do Instituto Mauro Borges e
da Universidade Federal de Goiás (UFG).
ATUALIZAÇÃO DOS CASOS
Ainda na entrevista coletiva, ocorrida no Palácio das
Esmeraldas, o governador Ronaldo Caiado atualizou os dados oficiais de Goiás em
relação à pandemia. Até a tarde desta sexta-feira, o Estado contabiliza 88
casos confirmados de infecção por novo coronavírus e dois óbitos. Há ainda
2.138 casos suspeitos e 961 sob investigação.
Fotos: Erick Corrêa
Secretaria de Estado de Comunicação - Governo de Goiás